quarta-feira, 5 de novembro de 2014

#CBE Rar Gewurztraminer Colezzione 2011



O tema deste mês da Confraria Brasileira de Enoblogs foi "um vinho branco brasileiro de qualquer valor", proposto pela confreira Ju Gonçalves, do blog Vou de Vinho. Sou suspeito para falar, pois se tem um tema do qual sou entusiasta é vinho nacional...se for branco então, melhor ainda!

Confesso que provei alguns exemplares (excelentes, por sinal) que vou postar por aqui nas próximas semanas. Mas minha menina dos olhos acabou sendo este RAR Gewurztraminer Colezzione 2011, elaborado pela Miolo em Campos de Cima da Serra. Um belo vinho de altitude, elaborado com uvas sobremaduras (o que confere dulçor) e parcialmente atingidas pela Botrytis cinerea...sim, essa mesma, o fungo que é estrela dos melhores vinhos doces do mundo.

Visual: Amarelo palha puxando para ouro, ganhando intensidade.

Olfativo: Intenso, exuberante. Traz aroma de fruta ultra madura, lembrando lichia, abacaxi em calda e uma ponta de maracujá. Também traz a nota floral típica da Gewurz. Uma pontinha de mel fecha o conjunto, fazendo lembrar um vinho de colheita tardia..

Gustativo: Que equilíbrio!! Um certo dulçor residual não incomoda, porque tem uma bela acidez pra contrapor. Álcool em seu devido lugar. Macio, untuoso, semi licoroso, mas não tão denso quanto os colheita tardia clássicos. Boa persistência, deixando na boca aquele sabor meio que de compota de fruta. 

Opinião: SEM SOMBRA DE DÚVIDA o melhor Gewurztraminer que eu já bebi do Brasil (quiçá, da América do Sul). E provavelmente um dos melhores vinhos brancos do país, também. Vale demais experimentar. 

Rar Gewurztraminer Colezzione 2011
Região:  Campos de Cima da Serra - RS
Produtor: Miolo Wine Group
Importador: -

Teor alcoólico: 
13% 
Casta(s): 
Gewurztraminer
Preço: 
aprox. R$ 50 (Na vinícola Terranova) - Média de R$ 70,00 no mercado de Salvador.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

#CBE Pérez Cruz Limited Edition Cabernet Franc 2012



O tema de setembro da Confraria Brasileira de Enoblogs, escolhido pelo confrade Felipe, do blog BebadoVinho, foi belo desafio: vinho 100% Cabernet Franc de qualquer país e faixa de preço". Desafio porque é muito difícil encontrar um monovarietal da CF, que geralmente é usada em cortes bordaleses, seja em Bordeaux ou qualquer canto do mundo.

A princípio pensei em dar uma de engraçadinho e pegar um Rosé do Loire, uma vez que não houve restrição a tintos, mas a excelente oferta de rótulos de Salvador me forçou a mudar de ideia rapidinho.

Enfim, acabei esquecendo de comprar o vinho e passei numa delicatessen hoje, onde me bati com este Pérez Cruz Limited Edition, que me convenceu por dois motivos:

1 - Gosto muito dos rótulos que já provei da vinícola.

2 - R$ 88,00 por R$ 59,00. P*** argumento!

E acabei de descobrir no site da vinícola que este rótulo, desta safra, levou 92 pontos no descorchados. Bom!

Bem, olhando agora a ficha técnica, vi que ele não é 100% CF. Na real são 94% CF, 3% Carménère e 3% Petit Verdot. Mas isso já basta pra ser considerado varietal no Chile e no fim das contas, são 6%, pelamordedeus!

O vinho é produzido no Maipo, com uvas colhidas já no mês de abril (pense no amadurecimento!) e maceradas por 27 dias. Passa por 14 meses de estágio em barricas de carvalho francês.

Agora que eu li a ficha técnica enquanto o vinho descansava na taça...vamos à degustação:
Visual: Vermelho Rubi com reflexos violáceos, intenso e brilhante.

Olfativo: Intenso. Aroma mescla frutas vermelhas como morangos com uma compota, lembrando goiabada. Especiarias como pimenta do reino e cravo se integram bem ao conjunto, lembrando aquelas geleias de frutas temperadas. Muito interessante!

Gustativo: É aquele típico vinho sul-americano que se equilibra nos superlativos: acidez bem viva; taninos pegando a gengiva, mas de boa qualidade e sem travar demais; álcool potente e até um pouco quente demais, mas conferindo maciez. Muito, muito persistente na boca: o gosto vai ficar lá mais de meio minuto, sendo que nos primeiros 10 segundos é acompanhado pela percepção do álcool e dos taninos.

Opinião: Tá delicioso e vale os 88 reais. Por 59 é um negócio da China. Dá pra beber já, mas vai se beneficiar muito com o passar dos anos. Se no nariz já tá mostrando tanto resultado assim com 2 anos, imagina só com uns 6...quem quiser provar, pode mandar brasa sem medo.

Pérez Cruz Limited Edition Cabernet Franc 2012
Região: Vale do Maipo - Chile
Produtor: Viña Pérez Cruz
Importador: Carballo Faro
Teor alcoólico: 13,7%
Casta(s): 94% Cabernet Franc - 3% Carménère - 3% Petit Verdot
Preço: R$ 88,00

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Giuseppe Garibaldi Brut e as maravilhas do charmat longo!



Quinta feira, dia de beber um bom espumante, sem compromissos, certo....?

É nesses dias que a gente pode ter uma boa surpresa! Comprei este Giuseppe Garibaldi, de rótulo todo espetaculoso, da Vinícola Garibaldi, por uns 30 mangos (acho que 27), para abrir hoje mesmo.

É um brut feito com 85% de chardonnay e 15% de pinot noir, através do método charmat longo....peraí...charmat longo? Sim, uma forma marota de deixar o vinho repousar alguns meses sur lies nos tanques de inox após a segunda fermentação, para ganhar uma complexidade maior sem precisar passar pelo custo de um champenoise.


Trapaça?? De jeito algum! 

É uma forma maravilhosa de conseguir um resultado diferenciado com um ótimo custo x benefício, em minha opinião.

Veja o que achei deste rótulo:


Visual: Amarelo-palha clarinho, com bolhas mais finas e abundantes do que a média dos charmat que vemos por aí (a maioria charmat curto).

Olfativo: Média intensidade aromática. Frutas brancas se mesclam àquelas notas amanteigadas (pipoca do cinema, pão com manteiga) e tostadas, evidenciando uma complexidade um pouco maior.

Gustativo: Corpo médio, bem mais estruturado que os espumantes mais simples do Brasil. Espuma mostra cremosidade razoável. Seco, mas nota-se uma pontinha de açúcar residual bem leve, que ajuda a amaciar o conjunto. Acidez viva, álcool no lugar. Persistência média, com o retro-olfato transitando bem entre fruta e aromas mais complexos. Leve amargor no final, mas que acho que compõe mais o conjunto do que constitui defeito.

Opinião: Fazia tempo que eu não via um espumante apresentar características tão diferenciadas (corpo/estrutura, complexidade aromática, equilíbrio) a um preço competitivo como este. Abençoado seja o charmat longo, e se encontrar com ele, compre logo uma caixa para o dia a dia!

Giuseppe Garibaldi Brut 
Região: Garibaldi (Serra Gaúcha) - Brasil
Produtor: Cooperativa Vinícola Garibaldi
Importador: -
Teor alcoólico: 13%
Casta(s): 85% Chardonnay - 15% Pinot Noir
Preço: Em média R$ 25 - R$ 30

terça-feira, 2 de setembro de 2014

#CBE Monte del Frá Valpolicella Ripasso 2009


No último mês tive a agradável surpresa de ser indicado a escolher o tema de agosto da Confraria Brasileira de Enoblogs, o que é também uma grande responsabilidade: selecionar algo que instigue os confrades e confreiras. 

E como a Itália é uma terra em que, entre os comuns, o Chianti é rei, decidi dar espaço ao tão injustiçado Valpolicella e suas diversas manifestações. 

Eu mesmo escolhi um Ripasso, versão "bombada" do Valpolicella mais simples, que é acrescida de bagaços de uva utilizados na produção do Amarone e do Recioto para uma refermentação. O resultado é um bocado de comida a mais para as leveduras, o que resulta em mais álcool, taninos e polifenóis que conferem maior complexidade ao vinho. Claro, isso é um resumão da coisa.

O rótulo escolhido por mim foi o Monte del Frá Valpolicella Ripasso 2009, produzido pela Tenuta Lena di Mezzo e importado pela Domno do Brasil. O vinho é elaborado com as castas tradicionais do Valpolicella (Corvina e Corvinone 80% e Rondinella 20%) e passa por 18 em barricas de carvalho francês.

O resultado...?

Vejamos:
Visual: Vermelho rubi intenso.

Olfativo: Intenso no nariz. Senti aromas de frutas vermelhas em geleia e algo de couro.

Gustativo: Potente, com muita percepção de álcool e açúcar residual, como era de se esperar. Taninos bem perceptíveis. Achei que a acidez ficou discreta, podia ser maior para contrabalancear. Persistente e com uma nota de pimenta do reino no retro-olfato. 

Opinião: Não sou lá um grande conhecedor dos Valpolicella, ainda mais dos Ripasso. Mas senti falta daquela cereja azeda que sempre percebi nestes vinhos, bem como um toque meio cozido, lembrando vinho do porto. Enfim, acabou sendo diferente do que eu esperava e, embora R$ 65 esteja barato para um Ripasso della Valpolicella, creio que vale mais a pena gastar o mesmo por um bom Valpolicella clássico ou investir um pouco mais, caso queira partir para os Ripasso. Não compraria de novo.

Em tempo, não quis repetir figurinha, mas volta e meia bebo este Ripasso da Zonin, que já postei aqui no blog há muito tempo. Esse sim vale bem a pena! Segue o link.

Monte del Frá Valpolicella Ripasso 2009
Região: 
Valpolicella Superiore DOC (Veneto) - Itália
Produtor: Tenuta Lena di Mezzo
Importador: Domno do Brasil
Teor alcoólico: 
14%
Casta(s): 
80% Corvina/Corvinone - 20% Rondinella)
Preço: 
R$ 65,00


quinta-feira, 19 de junho de 2014

#CBE Carta Vieja Prestige Chardonnay 2009


Novamente com atraso, posto o vinho do mês passado para a Confraria Brasileira de Enoblogs, cujo tema desta vez foi "Branco Barricado". Incrivelmente consegui comprar um Albariño e um Viognier que pensei equivocadamente terem curto estágio em barricas. Vinhos incríveis (que depois postarei por aqui), mas que não tiveram o tal estágio, por isso não se aplicavam à degustação.

Só para constar e participar, acabei caindo um clichê e comprando um Chardonnay. Sem muitas expectativas. E até certo receio, afinal é de safra 2009. O danado passa 12 meses em barrica de carvalho e o estou degustando neste exato momento. Vejamos o que acho:

Visual: Amarelo intenso e brilhante, quase ouro. Mostra que já tem certa idade.

Olfativo: Aroma intenso que evidencia a longa passagem por barris de Carvalho: coco, baunilha, pão torrado e algo amanteigado. Ao fundo o velho abacaxi em calda. Incrivelmente pareceu inteiro, apesar dos 5 anos.

Gustativo: Corpo médio. O álcool se faz notar, conferindo maciez e um certo calor. A acidez ou já esmaeceu um pouco ou é naturalmente moderada neste vinho, mas ainda se mostra bem viva. Algum amargor no final de boca. Persistência longa, com retro-olfato confirmando as notas de fruta madura/compota e tostados. 

Opinião: Paguei R$ 43 reais neste vinho e não tinha absolutamente NENHUMA expectativa positiva em relação a ele. Comprei só para participar da degustação mesmo. Mas me surpreendeu muito positivamente! Em primeiro lugar, para um branco (desta faixa de preço, especialmente) ele sobreviveu muito bem aos seus 5 anos. Para quem gosta de vinho branco BEM barricado, é um ótimo exemplar. Eu, particularmente, acho que um pouco menos de barrica faria bem a ele. Mas pelo preço, pode comprar na boa. Beber de imediato!


Carta Vieja Prestige Chardonnay 2009
Região: Vale de Casablanca - Chile
Produtor:
 Viña Carta Vieja
Importador: 
Carballo Faro
Teor alcoólico: 
13,5% 
Casta(s): 
Chardonnay

Preço: R$ 43,00


sexta-feira, 23 de maio de 2014

LaFleur Mallet Sauternes 2009


Sauternes por R$ 49,90 não é algo que se encontra todo dia, por isso mesmo eu não pensei duas vezes antes de comprar essa garrafinha em promoção na Adega Tio Sam. Justamente pelo preço - ok, é preconceito, mas tem um fundo de verdade - não fui esperando grande coisa. Por outro lado, sempre há a expectativa de que, pela apelação de origem, o vinho entregue sim alguma qualidade. Veja o que achei:

Visual: amarelo ouro brilhante.

Olfativo: frutas como abacaxi e maracujá bem maduro, mel e floral. 

Gustativo: Corpo médio, com certa untuosidade, ótima acidez equilibrando o dulçor, evitando que o conjunto fique enjoativo. Algum amargor na boca e boa persistência.

Opinião: elegante, com aroma agradável, mas sem tanta pungência tanto no nariz quanto ao beber. Na boca, a acidez ajuda a manter o drinkability, fazendo o vinho ter vivacidade e não ficar enjoativo. É um bom vinho, que vale o que pesa no bolso.

LaFleur Mallet Sauternes 2009
Região: Sauternes AOC (Bordeaux) - França
Produtor: Cheval Quancard
Importador: Adega Tio Sam
Teor alcoólico: -
Casta(s): 50% Sémillon - 30% Muscadelle - 20% Sauvignon Blanc 
Preço: R$ 69,90 por R$ 49,90 (Adega Tio Sam - Salvador Shopping)

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Daimon White Barrel Fermented 2011


Vinho importado pela Adega Tio Sam e que já era meu conhecido. Resolvi comprar uma garrafa essa semana e estou degustando neste exato momento...sabe aquela sensação de "poxa, eu tinha esquecido como esse vinho é bom!"? Pois é, estou vivenciando ela!

Como o nome mesmo diz, trata-se de um branco fermentado em barricas e estagiado por 3 meses. É produzido na região espanhola da Rioja com as uvas Viúra (60%), Malvásia (30%) e Tempranillo Blanco (10%).

Visual: Tem um amarelo-palha de intensidade média, ainda com reflexos esverdeados, apesar da idade.

Olfativo: Média intensidade, evidenciando de cara notas que "denunciam" a fermentação em barricas: um tostado com amanteigado, bem pão com manteiga; baunilha e um fundo de fruta bem madura, como abacaxi em calda ou cristalizado.

Gustativo: Corpo médio, bem macio, com certa sensação de dulçor. Álcool bem equilibrado e acidez moderada. Tem um leve amargor, mas que não atrapalha a prova. Persistência média/alta, confirmando os aromas no retro-olfato e acrescentando uma leve notinha cítrica no fim de boca.

Opinião: Geralmente esse vinho saía por uns R$ 40 na Adega Tio Sam. Comprei ele por R$ 23 (acho que uma promo). Vale tranquilamente os R$ 40 e ainda dá pra achar que fez uma pechincha na boa. Interessante nos aromas e quase sedutor na boca. Tem certa potência e encara bem pratos mais estruturados como um bacalhau na nata ou um molho branco. Se você gosta de vinho branco mesmo no frio, também é ótima pedida! Vá na fé que é muito bom!

Daimon White Barrel Fermented 2011
Região: Rioja - Espanha
Produtor: Bodegas Tobía
Importador: Adega Tio Sam
Teor alcoólico: 12%
Casta(s): 60% Viúra - 30% Malvásia - 10% Tempranillo Blanco 
Preço: R$ 40 (Adega Tio Sam - Salvador Shopping)