segunda-feira, 12 de julho de 2010

Miolo Gamay 2010

Conforme prometi ao postar sobre o Miolo Gamay 2009, escrevo agora sobre a safra mais recente deste projeto da Miolo na Campanha Gaúcha, realizado em parceria com Henry Marionett, apontado pela Miolo como conceituado produtor de Gamay da França.

É um vinho de cor violácea de baixa concentração, muito transparente e brilhantes; com algumas lágrimas rápidas e finas. 

No nariz tem intensidade um pouco melhor que a safra anterior, mas ainda transitando entre média/baixa. Os aromas predominantes são de frutas vermelhas, sendo possível distinguir morango e framboesa. Aqui, acho também que finalmente entendi os relatos sobre aromas de banana nos beaujolais, pois senti levemente. 

Na boca tem corpo levíssimo, boa acidez, álcool sobressaindo um pouco (mesmo com o vinho resfriado), taninos praticamente imperceptíveis e algum amargor. A persistência é curta (5-6 segundos), com retro-olfato muito frutado, e trazendo também um aroma que me lembrou alguma erva aromática, como tomilho. (Engraçado, pois nunca ouvi falar neste aroma em vinhos deste tipo)

É agradável no conjunto geral, melhor que o 2009. Só não sei se isso ocorre porque a safra 2010 foi melhor que a anterior, ou porque eu bebi a de 2010 mais jovem, como deve ser. Infelizmente ainda tem os mesmos defeitos em boca, que são o amargor e a falta de estrutura para aguentar o teor alcoólico.

Miolo Gamay 2010
Região: Campanha Gaúcha* - Brasil
Produtor:
Miolo Wine Group
Importador:
-
Teor alcoólico:
12%
Casta(s):
Gamay
Preço:
R$ 17,00 - R$ 22,00
* Por sinal, uma dúvida aos enófilos de plantão. Na ficha técnica do 2009 o vinho aparece como procedente do Vale dos Vinhedos. Em 2010, na Campanha Gaúcha. A ficha técnica está errada ou o projeto mudou de localidade entre as safras? 

4 comentários:

  1. Oi, Alexandre, provei o mesmo alguns dias atrás e concordo com suas observações. Mudando de assunto dentro do mesmo assunto, acho irritante, apesar de compreensível, o que a Miolo sustenta sobre o Henry Marionett. Ele faz um romorantin de pé franco que é bastante conceituado, e também faz bons gamays em Touraine, onde muitos fazem, como os irmãos Puzelat. Mas os gamays mais conceituados do mundo são, disparado, os de Beaujolais, de produtores como Lapierre, Foillard, Thevenet, Breton, Chamonard, Desvignes, Descombes, Vissoux, Terres Dorees, Diochon e outros. Dizer que o Marionnet é "o mais conceituado produtor de Gamay da França, e possivelmente do mundo", é uma asneira sem tamanho, exemplo de como a Miolo se aproveita da falta de cultura do consumidor brasileiro médio para vender o seu peixe.

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  2. Oi Oswaldo!

    Acabei reproduzindo o discurso institucional da Miolo a respeito do Henry Marionett, sendo que não conheço os demais vinhos deste produtor, e inclusive tenho uma "quilometragem etílica" relativamente baixa em termos de beaujolais.

    Aqui cometi um erro grave com a minha formação de jornalista e a minha função de informar sobre vinhos neste blog.

    Peço desculpas por isso, e modificarei o texto da postagem no trecho indicado, mantendo este comentário como indicativo da minha falha.

    Agradeço por apontar o erro, e espero continuar contando com sua contribuição no blog!

    Um abraço!

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  3. Obrigado, Alexandre, resposta de uma correção admirável.

    Acabo de ler em outro blog que o Merlot da Miolo foi eleito o melhor do mundo. Fiquei achando até modesto eles não terem conseguido emplacar o Gamay como o melhor do mundo! :)

    Falando sério, essa história de querer ser o "melhor do mundo" (coisa impensável em matéria de vinho, pois não se trata de esporte competitivo) sempre foi, tristemente, a nossa maneira de combater a insegurança nacional. Ninguém fala em tentar desenvolver e refletir um terroir autênticamente brasileiro, nem melhor, nem pior, apenas brasileiro, que me parece o único objetivo a ser perseguido.

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  4. Que bom que gostou do blog, Oswaldo!

    Concordo muito com a sua colocação sobre essa "necessidade de ser melhor" do Brasil.

    Mas acho que o país já está correndo atrás de mostrar um terroir característico e escolher castas adequadas, etc.

    Só que é trabalho de formiguinha, e leva tempo.

    Por isso gosto tanto de acompanhar a produção nacional, mesmo que às vezes gaste um dinheiro com o qual poderia comprar coisas melhores!

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