Todos sabem que procuro manter o foco deste blog exclusivamente em vinhos, e futuramente outras bebidas. Apesar disso, acho que não faz sentido deixar de dedicar algumas postagens bem esporádicas à lembrança de coisas importantes.
E hoje é um dia importante. Especialmente para japoneses e descendentes como eu, mas deveria ser para toda a humanidade, e espero que seja.
Há exatos 65 anos, às 8h15 do 6 de agosto de 1945, foi lançada pelo bombardeiro B-29 batizado de "Enola Gay", a primeira bomba atômica na cidade de Hiroshima. Três dias depois, às 11h02 da manhã, o ataque se repetiu na cidade de Nagasaki.
Os bombardeios reduziram as duas cidades a cinzas e ruínas, matando aproximadamente 140 mil pessoas em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, entre as dezenas de milhares que simplesmente desapareceram no epicentro da bomba, outras que morreram devido a queimaduras, ferimentos, fome e sede nos dias subsequentes, e os que pereceram ao cabo de um ano devido às consequências mais diretas da radiação.
Atualmente estão vivos 235.569 sobreviventes cadastrados das duas bombas atômicas, e as consequências do ataque se fazem presentes em todos eles: de cicatrizes, lembranças do horror e saudade de entes queridos perdidos, a vítimas de doenças decorrentes da radiação, como câncer.
Esta postagem é um apelo para que todos que lêem este espaço, japoneses e descendentes ou não, dediquem um pensamento em memória das vítimas. Aos que têm alguma religião ou crença do tipo, pode ser uma prece, aos que não têm, simplesmente lembrem.
Lembrem, pois isso nunca deve ser esquecido. A memória destes dias tristes deve se manter sempre próxima, pois é a única forma de garantir que isso nunca mais vai acontecer a ninguém.
Fonte: http://www.pcf.city.hiroshima.jp/ |
A imagem ao lado foi pintada por Kikue Komatsu, aos 67 anos. Ela tinha 37 quando a bomba foi lançada sobre Hiroshima.
Transcrevo sua explicação da pintura, em tradução pessoal e resumida: "Enquanto procurava por minha filha, me deparei com uma montanha de corpos em uma rua. As pessoas tinham corrido para mergulhar o rosto em uma cisterna, onde morreram com os braços entrelaçados uns aos aos outros. Como eles devem ter gritado por água. Meu coração dói por eles. Junto minhas mãos em prece."
"Mas nunca se esqueça da rosa, da rosa de Hiroshima..."
ResponderExcluirValeu pelo post. Excelente. Em especial por trazer à tona uma data carregada de memórias.
ResponderExcluirNesses dias, caro Alexandre Takei, normalmente, ano após ano, minha reflexão segue sempre um mesmo pensamento:
"Quanto tempo e quantas atrocidades ainda serão necessárias para compreendermos um óbvio planetário: a de que somos uma só familia nesta bela esfera gaia. Ou seja: se, por ventura, alguém de fora (extraterrestres?)pudesse nos visitar, o que ele pensaria ao se aproximar deste belo planeta azul? Pensaria que ali há uma´única família, com suas inúmeras crenças, raças e gostos? ou simplesmente um amontoado de virus a se digladiarem e a destruirem tão rica esfera?"
abraços atlânticos,
Atlan Vitis
Fiquei feliz em constatar que muitas pessoas visitaram o Notas Etílicas hoje.
ResponderExcluirMe conforta saber que pude contribuir, mesmo que um pouquinho, para que esta data nunca seja esquecida.
Pretendo fazer isso enquanto viver, ano após ano, enquanto puder.
Aos que dedicaram alguns momentos de seu dia lendo, e pensando naqueles que se foram, o meu muito obrigado!