quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tsantali Nemea Reserve 2004


A Wal Mart traz alguns vinhos gregos vendidos no Sam's Club a um preço relativamente baixo, o que sempre me intrigou, pois raramente vejo muitos vinhos gregos nas gôndolas (mesmo de lojas especializadas), e geralmente eles custam pelo menos uns 60 reais.

Tal fato me gerou uma curiosidade de provar estes vinhos, que veio acompanhada de um certo receio em levar uma bela zurrapa para casa. E assim, fui deixando para lá a idéia de provar os vinhos gregos do Sam's Club...até o último domingo!

Pelo que pude constatar, a Tsantali é um grande produtor - um dos dois maiores - de vinhos da Grécia, com produtos em quase todas as regiões vinícolas do país. Este vinho especificamente vem de uma espécie de D.O. grega chamada nemea, localizada na região do Peloponeso, sul da Grécia, e é produzido com a casta autóctone Agiorgitiko.


O vinho é de cor vermelho rubi bem definida, sem reflexos nem violáceos, nem granada. Intensidade de cor média, límpido e brilhante. As lágrimas são rápidas, finas, abundantes e incolores, e já é visível a presença de algum halo aquoso.

No nariz, começa bem intenso, com algum aroma que não consegui distinguir, mas lembrando a remédio, que logo some e dá lugar a cereja em calda, madeira queimada e algum aroma animal (lembrou couro, mas não estou certo). O problema é que depois de algum tempo - não muito - em taça, ele perde intensidade e fruta.

Mostrou-se seco, de acidez moderada e álcool desequilibrado. O corpo é leve, com taninos quase imperceptíveis e persistência média, de 6 a 7 segundos. O retro-olfato traz muita cereja no começo, mas depois vai dando lugar àquela madeira tostada, de forma até excessiva.

Numa análise final, penso que o vinho apresenta alguns defeitos, como o desequilíbrio no álcool e talvez muita barrica (pelo que li, ele foi barricado por 12 meses) pra estrutura do vinho. Além disso, ao meu ver este vinho, embora longe de estar morto, já se encontra em declínio, o que pode ser constatado pela acidez já não tão viva e a súbita queda da persistência aromática. Mas foi interessante pra conhecer o estilo, apesar dos defeitos.

Nota mental: Vou começar a provar os outros vinhos, deste mesmo produtor, e de outros da Grécia.

Tsantali Nemea Reserve 2004
Região:
D.O. Nemea (Peloponeso) - Grécia
Produtor: Tsantali
Importador: LPH Brasil
Teor alcoólico:
13,5%
Casta(s):
Agiorgitiko
Preço:
R$ 29,98


2 comentários:

  1. Olá, acompanho sempre seu blog e gosto muito! Porém, vou ter que discordar de você no quesito vinhos gregos, em especial o Nemea Reserve da Tsantali. Acho que é um vinho muito bom, despretencioso, leve, alegre (desculpe se as minhas observações não são de um sommelier ou de pessoa que entende de vinhos. tomo porque gosto e aprecio muito o mundo dos vinhos, em geral). me agradam os outros vinhos, o Mavrodaphne de Patras, o Halkidiki Red (barato e excelente), o Naousa (mais encorpado) e o Alexander Red, também mais encorpado. aprendi a apreciar os vinhos gregos com alguns amigos mineiros que tem a sorte de poder apreciar uma gama de mais de 25 rotulos da Tsantali, que incluem vinhos monasticos do Monte Athos, o Mavrodaphne Cellar Reserve (campeão, na minha opinião), Retsina, Rapsani e outros tantos. tive a sorte de ter amigos bons e que me presentearam com vinhos gregos, enquanto escrevia minha tese de historia grega antiga. amei todos que experimentei, mas não vou negar que tenho alguns favoritos, e entre eles cito a Retsina e o Halkidiki White, simplesmente bárbaros. abraços e espero que vá experimentar os outros vinhos gregos da Tsantali disponiveis no mercado. Tudo de bom!Marcello

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  2. Olá Marcello!

    Primeiramente, obrigado por acompanhar o blog. E que bom que discorda de mim! Se todo mundo concordasse eu nunca aprenderia coisas novas!

    Olha só, eu pretendo sim dar mais chances aos vinhos gregos, e em especial aos da Tsantali, pois são os que encontro com mais facilidade aqui em Salvador.

    Creio que em uma safra mais nova, ou se melhor acondicionado, este Nemea deve ter sido sim muito interessante. Pretendo prová-lo de novo.

    E não se preocupe em "soar como quem entende de vinho". Compreendi bem o seu comentário, e acho que ele sintetiza bem a sua impressão sobre o..."espírito" do vinho em questão.

    Ademais, pelo visto você tem muito mais quilometragem em vinhos gregos do que eu. Tenho especial curiosidade pelos Retsina, e alguns brancos de lá.

    Em tempo, provei o Naousa da Tsantali também, mas estava deteriorado, infelizmente.

    Continue contribuindo sempre que quiser, sua opinião é muito bem vinda!

    Um abraço!

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